Saturday, April 28, 2007

A n a


Era uma vez uma menina. Pequenina. Com umas pestanas grandes. O que a menina mais gostava no Mundo era do Mar. Ela e o Mar eram parecidos. Ela tinha dentro dela algo tão imenso e profundo como o Mar que adorava. Deitava-se à beira-mar, com a areia a queimar-lhe agradavelmente a barriga das pernas. Enterrava os dedos na areia, agarrava-a com força e depois abria um fendazinha, na sua mão fechada e deixava que a areia lhe escorresse entre os dedos, como pó de ouro. Deitava-se a olhar pro Céu, tão azul como o Mar, a atribuír formas de coisas às nuvens e a dar-lhes nomes. Deitava-se na areia a contar segredos às ondas. E gostava dos finais de tarde, em Setembro, quando o Vento quente a envolvia. Não era aquele Vento abrasador de Julho, irrespirável. Era o Vento morno e doce. E a menina imaginava por quantas pessoas já tinha esse vento passado nesse dia. Quantas pessoas já tinham sentido aquele abraço... Imaginava que o Vento levava os sonhos das pessoas. Transportava-os pra mais longe, mais além. E a quantidade de sonhos que ele transportava... tantos! O Vento frio e cortante de Inverno era diferente. Envolvia as pessoas mas não lhes levava os Sonhos. Transportava os medos e receios... E assim, a menina cresceu. Continuou pequenina. As suas pestanas continuaram grandes. E tornou-se vendedora de Sonhos.

6 comments:

Samorosa said...

Super dedicatória à Ana, a vendedora de Sonhos =]

Phiwuipa said...

Vamos :)!

*Beijinhos*

(Obrigada pela visita :) sê sempre bem-vinda)

Fátima said...

Olá Catarina! Obrigada pela visita ao meu cantinho. Adorei este post eu também já fui (e ainda sou) essa menina!

Mtos beijinhos e até breve! :)

Anonymous said...

Este é um post diferente.
O texto fez-me lembrar o Verão.

Por curiosidade digita no Google

Peça Fumo de Verão Tennessee Williams

e vê o inesperado resultado.

JorgeMiguel

Indie-Go! said...

comovonte. sniff :P

Anonymous said...

=') Gosto de ti amora. A ti não vendo sonhos... partilho-os e vivo-os. Contigo o vento é sempre quente. Contigo faço anjinhos na areia da praia, movendo os braços e as pernas e sentindo os grãos de areia a juntarem-se à pele salgada. Dar nome às nuvens faz sentido, em todo o sem sentido que isso tem, a teu lado... E as pestanas grandes não são mais que uma arma e escudo para tentar ver apenas o que é lindo e especial... por isso te vejo tão bem =')
Obrigada =)* adoro-te... e adoro-te AINDA MAIS nas viagens Tomar Lisboa com o "passaro da alma na mão".